Road Trip:

uma viagem de mais de 5000km pela Europa

agosto de 2020

Nós dois apenas. Um carro. 15 dias. 5547 Kms. 78h ao volante. 10 cidades. 4 países. Viajar pela Europa era um daqueles sonhos que está mesmo ao nosso alcance, mas que vamos adiando de ano para ano sabe-se lá porquê. Este verão finalmente arranjámos coragem (se é que assim se pode chamar) para pegar no carro e ir descobrir algumas das cidades da Europa.

Não existe um roteiro ideal. Não há cidades que sejam melhores do que outras. Não existe uma fórmula para ser seguida e fazer com corra tudo na perfeição. Não, nada disso! Tudo depende dos objetivos e gostos de cada pessoa. Mas uma coisa é certa: numa road trip existem planos, muitos planos que têm de ser trocados porque imprevistos (bons e maus) acontecem a toda a hora!

Planear uma viagem de carro não é tão fácil quanto parece e implica uma preparação prévia. Saber que sítios visitar, o que levar na bagagem, onde dormir e quais as melhores estradas foram os pontos que preparámos antes da nossa viagem. Partimos de Albergaria-a-Velha e definimos Verona (Itália) como o destino mais a Este na Europa. Depois disso, foi mais fácil escolher as restantes cidades.

Como a nossa viagem foi realizada em agosto, o nosso objetivo foi aliar cidades históricas a locais onde fosse possível dar um bom mergulho para refrescar.

A nossa viagem em números

Carro: Fiat Grande Punto 1.3 MultiJet 90 CV

Distância: 5547 kms

Horas ao volante: 78h

Gasóleo: 355€

Média combustível: 5.2L/100kms

Portagens: aproximadamente 185€

Estadias: 245,80€

Total Gasto: aproximadamente 1300€

Viagem: 10 cidades, 4 países

De forma resumida, o nosso roteiro foi o seguinte:

  • Albergaria-a-Velha
  • Madrid
  • Valência
  • Barcelona
  • Marselha
  • Mónaco
  • Lá Spezia (CinqueTerre)
  • Bolonha
  • Verona
  • Nice
  • Saint Tropez
  • Marselha
  • Barcelona
  • Albergaria-a-Velha
Fiat Grande Punto, o nosso fiel companheiro

É sabido que o cão é o fiel companheiro do Homem mas, no nosso caso, foi o Fiat Grande Punto o nosso fiel companheiro de 4 rodas. Não foi apenas o nosso meio de transporte. Foi também restaurante e hotel. Nunca nos falhou e deu-nos a liberdade de ir para onde queríamos e à hora que nos apetecia, sem prazos delimitados ou marcações para cumprir.

Claro que antes da nossa partida fizemos uma boa revisão para prevenir surpresas indesejáveis. O Fiat Grande Punto, sendo um carro de 5 lugares, foi alvo de algumas adaptações para nos dar maior conforto, principalmente na hora de dormir. Retirámos os bancos traseiros para ganhar algum espaço e, assim, podermos ter umas noites tranquilas (e, acreditem ou não, até que nem se dorme mal num carro!). Na hora de dormir era dar um jeito às malas, abrir os colchões desdobráveis e voilá... tudo estava prontinho.

Dica: Invista num bom pára-sol. Além de proteger o carro do sol durante o dia também evita que a luz entre no carro durante a manhã.

As estações de serviço
Estradas e Portagens

Não importa em que país está ou qual é o seu destino. Em “todo o lado” há estações de serviço equipadas com um conjunto de infraestruturas concebidas para responder às necessidades de quem viaja. No entanto, a importância que as estações de serviço têm para quem está na estrada passa-nos “ao lado” na maior parte das vezes. Que asneira! Elas são essenciais para todos os viajantes de 4 ou 2 rodas por esse mundo fora. Podem não oferecer os melhores preços nos combustíveis, mas, em regra geral, têm infraestruturas muito boas para quem precisa de “esticar as pernas” ou até mesmo pernoitar.

Durante a nossa road trip as estações de serviço foram uma das nossas aliadas! Apesar de já termos o nosso roteiro mais ou menos definido, andávamos um bocado ao “sabor do vento” e acabámos por aqui pernoitar várias vezes. Não definíamos previamente onde iriamos dormir. Durante a viagem, quando já estivéssemos saturados de conduzir, parávamos. Um ponto muito importante na nossa escolha foram as estações de serviço abertas 24h.

Dica: Há muitas estações de serviço onde se consegue tomar banho de água quente gratuitamente. É só deixar um documento de identificação e é-nos dada uma chave para ter acesso aos chuveiros.

O GPS

Ter um bom GPS é uma ferramenta muito útil para quem viaja, não apenas para nos levar do local x ao y, mas também para nos ajudar a poupar tempo, evitar filas desnecessárias e, inclusive, dar informações sobre regras de estrada. Fomos alternando entre o Google Maps e o Waze.

A comunidade de Wazers (os utilizadores do Waze) é realmente espetacular e estão sempre dispostos a ajudarem-se. Assim, cada pessoa tem a possibilidade de reportar trânsito, acidentes, perigos, preços de combustível, informar acerca da existência de radares ou polícia num determinado local.

Enquanto o Waze é uma opção excelente quando somos nós a conduzir, o Maps permite-nos explorar outras formas de deslocação. Assim, numa deslocação podemos verificar o tempo que demoramos de carro, a pé, de transportes públicos ou em viaturas particulares, nomeadamente, Táxi e todas as outras plataformas. Nos transportes públicos, por exemplo, indica-nos o número e nome de todas paragens e o tempo da nossa deslocação, o que é ótimo para não nos perdemos em locais desconhecidos. O Maps também tem a chamada “Street View,” que te coloca "dentro" do mapa, permitindo literalmente caminhar pelo local desejado, com imagens muito detalhadas.

Então, qual o melhor GPS?! Como em tudo na vida, cada coisa tem as suas vantagens e desvantagens. Para umas coisas o Waze é melhor, para outras o Maps é a melhor opção!

Estradas e Portagens

Ter de pagar para andar na estrada não é muito agradável e é sempre um extra a somar ao orçamento das férias. No entanto, por vezes fugir das autoestradas e em contrapartida ter de fazer mais uns tantos quilómetros e, consequentemente, perder horas de descanso não é algo que compense!

Na nossa road trip optámos quase sempre por viajar em estradas que não fossem pagas. Inseríamos no GPS o destino que queríamos e selecionávamos a opção “evitar portagens”. Desta forma conseguíamos circular em zonas de autoestradas que não eram pagas. No entanto, sempre que se justificasse pagávamos portagens.

Em Espanha, as estradas são muito boas e não se justifica circular em estradas pagas, mas em França e em Itália já não é bem assim e o melhor é analisar todos os trajetos e opções disponíveis.

Decidimos de antemão que iriamos fazer a viagem Albergaria-a-Velha –>Vilar Formoso pela autoestrada. O valor foi cerca de 13€ e conseguimos “ganhar” 3h de viagem. De forma similar, na viagem de Barcelona para Marselha (aproximadamente 8 horas), tínhamos pensado parar em Montpellier (França) porque ficava estrategicamente bem localizado e não queríamos conduzir muitas horas de seguida. Porém, ao fazer as contas percebemos que seria mais vantajoso fazer o percurso Barcelona – Marselha pela auto estrada (cerca de 40€). Assim, conseguimos reduzir em cerca de 3h a nossa viagem e não era tão cansativo.

Atenção: Mesmo que tenha o GPS ligado é necessário ir sempre atento a todas as placas. No centro de Marselha, por exemplo, fomos direcionados para o Túnel do Prado e pagámos 5,20€ por 1,5kms!

Contratempos acontecem. E não é só aos outros!

As coisas não correm sempre como queremos.

A cerca de 35kms de Barcelona, apareceram alguns contratempos. Fomos assaltados e quase nem dávamos por isso. Estávamos a tomar o pequeno almoço numa estação de serviço da CEPSA (Maçanet de La Selva, AP-7), a 2 metros do carro, quando um camionista ao longe começou a gesticular na nossa direção. Não estávamos a perceber se seria para nós ou não até que se aproximou e disse que o carro que tinha arrancado tinha levado a nossa mochila. Fomos ver e, infelizmente, confirmou-se. Tínhamos a porta do pendura entreaberta e, enquanto um dos assaltantes estava à espera no carro, o outro veio “de gatas” e conseguiu tirar a nossa mochila sem que nos tivéssemos apercebido. Aconteceu tudo muito rápido, apenas meros segundos. Roubaram-nos a máquina fotográfica, disco externo, cartão de cidadão, cartão multibanco, dinheiro...

Ligámos para o 112 e a polícia demorou cerca de 10 minutos a chegar ao local. Informaram-nos que era comum este tipo de situação acontecer e que todo o cuidado é pouco. Realmente não acontece só aos outros...

Fomos formalizar a queixa a uma esquadra próxima e, a meio do caminho, chegou a pior notícia do dia: um familiar da Solange tinha falecido. Ainda faltavam 5 dias para o fim da nossa road trip mas cancelamos tudo sem hesitar. Já tínhamos os bilhetes comprados para o Caminito Del Rey, em Málaga, e a nossa última paragem antes de Portugal seria Sevilha. Voltamos para Portugal o mais rápido possível, mas tivemos uma viagem de quase 10h pela frente...

Foi um dia mau, no entanto tentamos guardar as coisas positivas desta experiência. Afinal coisas boas e más acontecem estejamos perto ou longe de casa.


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