Drave:

A aldeia desabitada "escondida" entre montanhas

junho de 2019

Já ouviram falar da “aldeia mágica” que se encontra perdida entre montanhas? Uma aldeia onde não vive ninguém, mas está cheia de vida? Um pequeno recanto da natureza com pequenas casas feitas de xisto e várias cascatas onde reina a paz de espírito? Pois bem, estamos a falar de Drave e nós fomos conhecer este local.

Coordenadas:

• Longitude -8,11719

• Latitude 40,861157

Drave está localizada no fundo de um vale entre a Serra da Freita, Serra de São Macário e Serra da Arada e integrada no Geoparque de Arouca. Está a 600 m de altitude. É uma aldeia desabitada desde 2000. Mas, mesmo sem eletricidade, água canalizada, gás, correio e telefone, esta aldeia não ficou totalmente esquecida no tempo. E tem um encanto e uma atmosfera difícil de explicar!

Percorremos as ruelas e exploramos o local por aproximadamente 1:00 hora. Durante o percurso que íamos fazendo havia um pensamento que nos era constante: como é que alguém poderia, em tempos não assim tão remotos, ter vivido num sítio com tamanha inacessibilidade e tão “afastado do mundo” e da civilização?! A pergunta fica no ar...

As pequenas casas de xisto estão, na maioria, em ruínas. Algumas têm sido reabilitadas, desde 1992, com a intervenção do Centro Escutista. Segundo o site “aroucageopark”, Drave é a Base Nacional da IV Secção do Corpo Nacional de Escutas, reconhecida, desde 2012, com o selo SCENES de excelência (Scout Centres of Excellence for Nature and Environment – Centros Escutistas de Excelência para a Natureza e o Ambiente), o único reconhecimento deste tipo na Península Ibérica, num total de apenas 13 centros escutistas mundiais.

Se for conhecer Drave não deixe de passar junto da Capela da Nossa Senhora da Saúde , o único edifício pintado de branco. Segundo uma lápida afixada, nesta capela foi realizada uma missa solene em 12-9-1946 pelos “Martins vivos e defuntos”. Foi celebrante o Padre João Nepomuceno Martins, Pároco de Carvalhais. Assistiram cerca de 600 pessoas. Aconselhamos ainda que desça até à Ribeira de Palhais e delicie-se com as suas cascatas. Aqui pode fazer um piquenique ao som da água a correr e do cantar dos passarinhos. Se quiser aventure-se e dê um mergulhinho.

Como chegar?

Esta aldeia não é habitada desde 2000 e está bastante isolada, pelo que só se consegue chegar lá a pé.

Nós fomos de carro até ao corte de Gourim. O caminho é em terra batida com algumas pedras e faz-se por estradas estreitas e com curvas. Depois, tivemos de percorrer cerca de 2,100 km (ida) a pé até chegar à aldeia. Há quem tenha deixado o carro mais longe e feito um trilho maior, mas há quem se tenha aventurado um pouco mais de carro para caminhar menos... Nós não quisemos arriscar mais. De uma forma ou de outra, terá obrigatoriamente que caminhar cerca de 2km (ida e volta) para chegar a aldeia.

Podemos dizer que o percurso é de nível fácil/moderado. Descemos até Drave em cerca de 30 minutos e pelo caminho já dava para termos um vislumbre de um monte de casinhas “perdidas” no meio da serra. Uma vista que vale a pena! A subida é um pouco ingreme e demorámos aproximadamente 50 minutos. Convém alertar que estamos expostos ao sol e não existem praticamente sombras durante o percurso pelo que convém levar sempre uma garrafinha de água na mala.

Também queríamos salientar que sabemos que há quem faça o Trilho Regoufe – Drave (PR14: Aldeia Mágica), sendo que no total (ida e volta) vão ser 8km.

Curiosidades:

A família Martins foi uma das famílias mais numerosas da aldeia, e também a última a deixá-la.

Ana e Joaquim Martins foram os últimos a sair da aldeia.

"Por iniciativa de José F. Martins e esposa Maria N. Martins C. moradores em S. Pedro do Sul, chegou o telefone à Drave a 15 de novembro e a energia solar a 30 de dezembro de 1993, homenagem a quantos tornaram possível este projecto - 17-03-1994", pode ler-se numa placa afixada em Drave.

Em 2014 foi editado o documentário “Uma Montanha do Tamanho do Homem”, de João Nuno Brichado, sendo que a ante-estreia foi na própria aldeia para uma audiência de cerca de 300 pessoas.

Em 2001 surgiu o livro "Drave: o rosto das palavras", de Maria José Castro e Rui de Carvalho.


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