Tailândia:

Neste “santuário” pode ver elefantes resgatados de maus tratos

agosto de 2019

Visitar um Santuário de Elefantes

Um dos principais motivos que nos levou até Chiang Mai, norte da Tailândia, foi a vontade em estar em contato com elefantes. Sabíamos de antemão que não precisávamos de ir para o Norte da Tailândia porque poderíamos ter essa experiência noutras cidades, mas também sabíamos que os melhores locais e os mais recomendados ficavam em Chiang Mai pelo que foi essa a nossa opção.

Os elefantes são dos maiores símbolos do país, sendo utilizados muitas vezes como uma “atração turística”. Está errado. Muito errado. Todos nós já vimos imagens de turistas em cima de elefantes. Imagens de elefantes a pintar quadros. A fazer acrobacias. A jogar futebol. A dançar. Imagens onde se vê que os animais estão subnutridos, elefantes acorrentados e/ou vítimas de maus tratos.

Os elefantes são animais selvagens e para serem domesticados são vítimas de uma crueldade enorme. Não queríamos alimentar esse tipo de turismo e pesquisámos muito, muito mesmo, antes da nossa visita. Queríamos conhecer um santuário de elefantes, aqueles locais que funcionam como um centro de reabilitação para animais que foram maltratados em tempos.

Encontrámos alguns locais que cuidam de elefantes resgatados de maus-tratos e permitem experiências éticas com os animais. O mais conhecido é o Elephant Nature Park e fomos com o intuito de visitá-lo, mas, como não fizemos reserva com antecedência e tínhamos o tempo “contado”, não foi possível. Acabámos por ir ao Blue Daily Elephant Care Sanctuary.

Sobre o Blue Daily Elephant Care Sanctuary

Este santuário tem três tipos de passeios: Full Day (dia inteiro), half day morning (manhã) e half day afternoon (tarde). Conforme já dissemos, a nossa passagem por Chiang Mai era curta e optámos pela visita apenas da parte da manhã. E achámos que é o suficiente!

Fizemos a reserva para o Santuário no hotel em que ficámos hospedados em Chiang Mai (99 The Gallery Hotel) e pagámos cerca de 36 euros por pessoa (1250 bath). O preço estabelecido na tabela não era esse, mas conseguimos um desconto. O pacote que comprámos incluía o transfer do hotel até ao santuário (e vice-versa) e o almoço.

Uma carrinha veio buscar-nos ao hotel bem cedinho, pelas 7:00h, e levou-nos ao Santuário. O caminho é longo, cerca de 1:30h, em curvas e contracurvas, mas a viagem acabou por ser tranquila. O nosso guia foi-nos respondendo a algumas questões/curiosidades que íamos tendo sobre os elefantes e sobre o próprio país.

Assim que chegámos ao santuário demos de caras com elefantes. Ficámos logo perplexos a olhar para eles. Uma sensação incrível. Difícil de explicar. O guia alertou-nos logo para pormos repelente para os mosquitos e disse para calçarmos umas botas de borracha (eles facultam, só temos que escolher o nosso número). De seguida fomos levados para uma espécie de sala onde nos deram uma chave para termos acesso a um cacifo e podermos guardar os nossos bens materiais. Deram-nos também uma “camisola” para vestirmos por cima da nossa roupa/biquíni. De seguida houve uma breve explicação sobre a função do santuário e algumas curiosidades sobre os elefantes.

Depois disto começou a visita propriamente dita.

Primeiro vimos os elefantes a alimentarem-se. Depois fizemos uma trilha “ao lado” dos elefantes e pudemos ver o seu habitat natural. Fizemos comida para eles (uma mistura de banana, cana de açúcar, sementes...) e no final tomámos banho com eles.

Como ficámos cheios de lama tivemos que nos passar por água e trocar de roupa antes de voltar para o hotel. Há lá casas de banho com chuveiro para podermos fazer isso. As condições não são as melhores mas teve mesmo que ser!

Pontos a favor:

Os elefantes andavam soltos e pareciam de facto bem tratados.

O nosso grupo eram bem pequeno: 6 pessoas, o que permite que tenhamos uma maior interação e proximidade com os elefantes e até com o guia.

Ponto negativo:

Houve um ou dois momentos, principalmente quando tomámos banho com os elefantes, em que percebemos que os animais fizeram coisas que iam contra o seu comportamento natural. Por exemplo jorrar água das trombas por cima dos turistas...

O que ter em conta na escolha do “Santuário”

Há muitos locais que se intitulam de “santuários”, mas quando analisamos ao detalhe aquilo que por lá se passa percebemos que não é bem assim! Há alguns pontos que nos permitem perceber se os animais estão de facto a ser maltratados ou não. Deixamos aqui alguns deles:

Os animais devem estar soltos numa área grande e em convívio com outros elefantes

Os elefantes não podem ter ferimentos na cabeça ou corpo (causados por um ganho metálico afiado nos “treinos”) e têm de ter tratamento veterinário adequado

Os turistas não podem montar em cima dos elefantes. Se o “santuário” permitir isso desconfie

Não devem ser permitidos espetáculos. Para os elefantes fazerem os chamados “shows” de pintura ou de arte têm que passar por um sofrimento terrível


Atualização Maio de 2020:


A pandemia veio virar o mundo do avesso. A Tailândia é um país pobre que depende do turismo para crescer economicamente e, com o surgimento do novo coronavírus, viu-se obrigada a fechar fronteiras a todos os turistas. Com a redução quase total do número de visitantes nos “santuários de elefantes”, muitos cuidadores ficaram sem meios para comprar comida para os animais. A propóstito, Lek Chailert, fundador da Save Elephant Foundation, uma organização tailandesa sem fins lucrativos dedicada a fornecer cuidados e assistência aos elefantes asiáticos, afirmou à BBC: "Se não houver apoio para mantê-los a salvo, esses elefantes vão morrer de fome. Como alternativa, alguns elefantes podem ser vendidos para jardins zoológicos ou podem ser devolvidos ao negócio de extração ilegal de madeira, que proibiu o uso de elefantes em 1989. "É uma perspectiva muito sombria”, afirmou.


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