Erasmus em Roma,

a experiência que mudou as nossas vidas

setembro de 2013

“Escolheram Roma para fazer Erasmus, porquê?” Esta é uma das perguntas que mais ouvimos... A resposta mais honesta que podemos dar é que era a única opção que tínhamos em comum. Ou seja, Roma era a única cidade que tinha uma parceria com a Universidade de Coimbra (onde o João Pedro estudava na altura) e com a Universidade da Beira Interior (onde eu estudava). Então, a decisão de escolher a capital italiana como a primeira opção nas nossas candidaturas acabou por ser algo natural. O que não foi assim tão simples foram os primeiros dias vividos em Roma...

Tudo remete ao ano de 2013 e estávamos longe de imaginar que quase 10 anos mais tarde iríamos estar completamente rendidos a viagens e teríamos um blogue dedicado ao tema. É preciso puxar pela memória para relembrar alguns detalhes, mas há outros bem presentes, portanto vamos lá…

Chegámos a Roma numa manhã quente de setembro. Depois de apanhar um autocarro do aeroporto para o centro da cidade e de caminhar uns longos metros chegámos, finalmente, já perto da hora do almoço, ao hotel que tínhamos reservado com antecedência. O primeiro passo da nossa grande aventura estava dado e era tempo de respirar um bocadinho de alívio! Ou pelo menos pensávamos nós... Azar dos azares, houve um erro com o cartão de crédito e a reserva havia sido cancelada. O hotel estava sem vagas e tínhamos de procurar outro local para ficar.

Tínhamos 19 anos. Era a primeira vez que viajávamos juntos e também a primeira vez que estávamos fora de Portugal. Nenhum de nós sabia falar italiano. A inexperiência falava alto. Eu bloquei por completo e acho que nem uma palavra disse. O João Pedro, que tem o desenrascanço como nome do meio, lá conseguiu pedir ajuda ao funcionário do hotel que, depois de uns tantos telefonemas, remeteu-nos para um outro alojamento ali perto. Com recurso ao Google Maps, lá fomos nós carregados de malas para aquela que se tornou a nossa casa durante cerca de uma semana. Cansados, com pouca energia e cheios de medo já púnhamos tudo em causa. Que raio de ideia nos passou pela cabeça para trocar o conforto da nossa casa por todas aquelas incertezas?! Afinal porque é que nos estávamos a submeter aquela confusão?! Mas porque é que nenhum de nós se apercebeu que a reserva tinha sido cancelada?! Os primeiros dias na “cidade eterna” foram quase um sufoco. Ir à universidade tratar de todas as burocracias necessárias foi o primeiro passo. Procurar casa nos jornais e nos papéis fixados nas universidades foi o segundo. Com a barreira linguística pelo meio e um mundo totalmente novo não foi tarefa fácil!


Será que foi o destino?

E é aqui, no meio de uma buca quase desesperada por encontrar casa, que entra o nosso amigo Gustavo. Do Brasil para Itália, ele estava a passar pelo mesmo que nós. Aliás, pior: a companhia aérea tinha perdido as malas dele (ufa, que alívio…alguém estava numa situação mais miserável que a nossa!). Encontrámo-lo numa rua a olhar para um mapa e pedimos indicações para chegar à “via del portoghese”. A ligação foi imediata, vivemos juntos e ainda continuamos bons amigos.

Durante pouco mais de 5 meses gastámos a sola dos sapatos a percorrer as ruas da capital de Itália, as mais conhecidas e as que os turistas pouco ouvem falar. Ainda houve tempo (confessamos que foi aquilo que a carteira permitiu) de conhecer Nápoles, Florença e Veneza. O Natal foi passado pela primeira vez longe dos nossos familiares. Na noite da consoada estávamos em casa com os nossos colegas de Erasmus.

Na primeira semana as dúvidas assombravam os nossos pensamentos. Por cima da nossa cabeça só pairavam nuvens cinzentas e, por breves instantes, a opção de voltar a Portugal surgiu. Mas também rapidamente foi embora. E ainda bem. Agora temos a certeza de que fazer Erasmus foi a melhor coisa que fizemos. É certo que a distância temporal já tratou de simplificar tudo e quando olhamos para trás rimo-nos dos momentos complicados e de tudo o que aprendemos, mas esta experiência realmente virou a nossa vida do avesso. Pode parecer um exagero, mas é aquilo que verdadeiramente sentimos. A forma de pensar, de olhar para o mundo, de aceitar a diferença e saber lidar com outras culturas… foi Roma que nos abriu a mente e fez perceber que o mundo é muito, mas mesmo muito mais do que aquilo que conhecemos.

Fomos para Itália sozinhos. Íamos com o coração apertado, com um misto de medo e entusiasmo próprio de dois jovens que iam viver uma grande aventura, mas era tudo incerto... Voltámos com centenas de aprendizagens na bagagem e com o coração impaciente para poder abraçar o mundo e conhecer o máximo de culturas possíveis.

Antes de Erasmus víamos o mundo de uma forma linear. Na nossa cabeça estavam estabelecidos “prazos” para se fazer isto ou aquilo. A realidade era aquilo que conhecíamos e não víamos mais além! Agora, olhámos o mundo como algo infinito de possibilidades. Cada pessoa pode escolher aquilo que quer e melhor a preenche. Cabe a cada um de nós trilhar o seu caminho e não fazer apenas aquilo que a sociedade impõe como “correto”. E é sobretudo esta “mente aberta” que consideramos o melhor desta experiência e queremos preservar até sermos velhinhos.

Se estás na dúvida em partir para uma experiência deste género o nosso conselho é simples: Vai, descomplica. E se pudermos ajudar com alguma questão não hesites em contactar.


Outras publicações que te podem interessar: