Campo de concentração de Auschwitz- Birkenau


janeiro de 2024

Auschwitz é uma dor indeterminável. Cada passo dado neste lugar é como um murro no estômago ao tomarmos consciência dos níveis que a crueldade humana pode atingir! Não é uma visita fácil! É duro ver a pilha de cabelos humanos e de sapatos velhos, as fotos onde ressalvam rostos de tristeza de crianças, os crematórios onde milhões de pessoas morreram sem o mínimo de piedade...

É uma visita emotiva e difícil! Mesmo para quem já viu vários filmes e leu livros sobre a segunda guerra mundial que retratam o que se viveu nos campos de concentração, é impossível sair dali sem um nó na garganta. Sentimos um misto de repulsa, revolta e incompreensão... Mas acreditamos que é mesmo importante visitar e partilhar aquilo que aqui aconteceu para que uma das maiores barbáries da história da humanidade não se volte a repetir. E não é por acaso que vemos essa mesma mensagem à entrada do museu: “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, George Santayana.

Auschwitz 1

Como visitar?

Auschwitz situa-se na região de “Lesser”, na cidade de Oświęcim, no sul da Polónia. O campo de concentração fica a cerca de 1h30 de autocarro de Cracóvia e há duas formas principais de o visitar: por conta própria, sem pagar nada, ou com visita guiada (que pode ser com transporte incluído ou não). Abaixo damos mais detalhes:

Visita guiada com transporte incluído/excursão de autocarro: Esta é a forma mais prática já que não temos que nos preocupar com nada. Este tipo de excursão é em grupo e pode ser comprada no Get Your Guide, por exemplo. Inclui o transporte de ida de volta (apanham-te no hotel ou num ponto de encontro), a entrada no Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau e um guia especializado que nos acompanha durante toda a visita. Dependendo do bilhete que compras o almoço também pode estar incluído (dão-te um saquinho durante a viagem com alguns alimentos).

Visita guiada sem transporte incluído: Esta é a chamada “tour regular”. No site oficial (https://visit.auschwitz.org/) compras o bilhete que inclui o guia, mas a viagem até ao campo fica a teu encargo. Podes utilizar autocarro, comboio ou até ir de táxi. É uma questão de analisares previamente os valores e horários disponíveis dos transportes públicos e selecionar a melhor opção. Adiantamos desde já que todos os autocarros fazem a rota entre o centro de Cracóvia e Auschwitz partem do Terminal Central de Autocarros e deixam os passageiros na entrada do Museu. Os bilhetes podem ser reservados online ou na hora com o condutor, sendo que esta última opção é um risco porque a lotação pode esgotar! Se optares por ir de comboio terás de ir até à principal estação ferroviária de Cracóvia. O comboio para na estação de Oswiecim e daí até ao Museu de Auschwitz tens de caminhar cerca de 2 kms ou apanhar um autocarro/táxi.

Visita individual (com ou sem guia): Neste caso terás de comprar uma visita individual para Auschwitz e fazer a visita por tua conta, andando ao teu ritmo. Esta é uma boa opção para quem só compreende português já que permite que “contrates” um guia à parte que fale português (as tours são feitas em várias línguas, mas português não é uma delas). Para chegar a Auschwitz a partir de Cracóvia podes reservar um táxi ou ir de transportes públicos, nomeadamente autocarro ou comboio.

Um pouco de História

- Os campos de concentração forma criados no Terceiro Reich a partir do ano de 1933, ou seja, desde o momento da chegada de Hitler e do seu partido ao poder. Todas as pessoas que eram consideradas “indesejáveis” eram levadas para aqui, desde adversários políticos do regime nazista, judeus, testemunhas de jeová, homossexuais, criminosos e outros.

- Auschwitz foi um dos vários campo de concentração estabelecido pelos nazistas e, de longe, o maior. Erradamente, achamos que é apenas um campo, mas na verdade Auschwitz é um complexo de 3 campos: Auschwitz I, Auschwitz II - Birkenau, e Auschwitz III – Monowitz. Auschwitz III - Monowitz não está aberto para visitas

- Auschwitz I funcionava essencialmente como um campo de concentração, ou seja, um local para deter pessoas e obrigá-las à pratica de trabalho forçado. Já Auschwitz II – Birkenau, era um campo de extermínio, um sítio que funcionava quase exclusivamente como uma "fábrica de morte".

- No portão de entrada para Auschwitz encontra-se uma placa metálica com a frase “Arbeit macht frei”, que em português significa “o trabalho liberta”. Esta placa é uma réplica, já que a original foi roubada em 2009 e está agora num lugar seguro.

- Assim que entramos no museu vimos um mapa da Europa onde estão marcados os lugares mais importantes de onde partiam os comboios com os deportados, principalmente judeus. Eles eram praticamente de todos os países europeus ocupados pela Alemanha ou a ela aliados.

- Os prisioneiros usavam todos um uniforme às riscas azuis e brancas.

Auschwitz I

Auschwitz I

- Durante a existência de Auschwitz, os alemães deportaram para o campo no mínimo 1,3 milhões de pessoas, sendo que destes 1,1 milhões eram judeus, 140 mil polacos, 23 mil ciganos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos e 25 mil prisioneiros de outras nacionalidades. Cerca de 900 mil judeus foram assassinados nas camaras de gás assim que chegaram ao campo.

- O campo de concentração de Auschwitz foi fundado em junho de 1940 e era composto por 20 prédios, que foram aumentados para 28 usando o trabalho dos prisioneiros.

- Assim que chegavam, os prisioneiros eram separados em dois grupos: "homens" e "mulheres e crianças" para serem avaliados. Aqueles que eram considerados inaptos para o trabalho (idosos, mulheres grávidas...) eram logo conduzidos às câmaras de gás. Os que tinham condições para trabalhar recebiam um número de prisioneiro, que era tatuado no braço.

- Em agosto de 1944, encontravam-se detidos aproximadamente 16 mil prisioneiros.

- Entre 1940 e 1945, foram assassinados mais de um milhão de judeus e dezenas de milhares de outras pessoas inocentes.

- Os bens pessoais dos judeus deportados para Auschwitz eram objeto de roubo sistemático. Os judeus com deficiências visíveis eram vistos pelas SS como inaptos para trabalhar e eram logo mortos nas câmaras de gás.

- Numa das salas (não se pode tirar fotos) podemos ver uma das mais chocantes provas do crime que os nazis cometeram: cerca de duas toneladas de cabelo de mulheres. O cabelo era depois usado para a produção de tecidos.

Bens roubados aos prisioneiros

Alguns dos bens roubados aos prisioneiros

- Os prisioneiros eram forçados a trabalhar, a viver em condições terríveis e vítimas de má e insuficiente alimentação, o que os tornava um alvo fácil para contrair todo o tipo de doenças. Também foram submetidos a execuções arbitrárias e tortura, além de experiências médicas desumanas e cruéis. As cobaias favoritas eram os gémeos.

- Fugir era praticamente impossível. Cercas de arame farpado, eletrificadas, cercavam o campo de concentração e o centro de extermínio.

- A construção de Birkenau (ou Auschwitz II) teve início em outubro de 1941, após a expulsão dos habitantes daquela vila. Este lugar está a cerca de 3 kms de Auschwitz e teve o maior número de prisioneiros. Lá podemos ver terrenos com cinzas humanas, ruínas de camaras de gás e crematórios.

Birkenau, o maior centro de extermínio dos judeus

Birkenau, o maior centro de extermínio dos judeus

- Em Birkenau existe um monumento em memória das vítimas. Foi erguido em 1967 e tem 23 placas com um texto nas principais línguas faladas pelos deportados de Auschwitz (português não é uma delas).

- Também neste campo, as condições de higiene eram péssimas. Os prisioneiros dormiam em colchões de palha num espaço minúsculo. Não havia janelas e a luz entrava para o interior através de pequenas janelas luminárias localizadas no tecto.

- Na segunda metade de 1944 os soldados alemães começaram a destruir provas dos crimes. Queimaram registos, explodiram as camaras de gás e incendiaram armazéns com pertences dos judeus.

- 7,5 mil prisioneiros doentes e esgotados deixados no campo foram libertados pelos soldados soviéticos no dia 27 de janeiro de 1945. E foi precisamente este o dia escolhido, em 2005, pela Assembleia Geral das Nações Unidas para a comemoração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Crematório e exterior de uma câmara de gás

Crematório e exterior de uma câmara de gás

- Actualmente, Auschwitz-Birkenau é Património Mundial da UNESCO e funciona como Memorial e Museu. Além de recordar a história, este local visa prestar homenagem às muitas vítimas do genocídio.

Outras informações úteis

Na nossa opinião, é quase obrigatório fazer a visita com guia para perceberem exatamente tudo o que se passou. De forma independente muitas informações vão ficar “perdidas”

Pagámos 78,64€ (2 pessoas) pela visita (guia e transporte ida e volta de Cracóvia incluído)

Optámos por esta excursão da Get Your Guide porque reservámos em cima da hora e as opções eram escassas, nomeadamente no que se refere à língua do guia. Por isso, aconselhamos que compres os bilhetes com a maior antecedência possível

Os bilhetes dão acesso aos dois campos. No entanto, o início da visita é sempre no campo Auschwitz I

Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau distam cerca de 3,5 km. Caso faças a visita por “tua conta”, fica a saber que existe um autocarro que viaja regularmente entre ambos os locais

A visita é desaconselhada a menores de 14 anos

É recomendado vestuário adequado e calçado confortável. No inverno está bastante frio e devem levar roupa bem quentinha pois grande parte da visita é feita ao ar livre

Leva alguns snacks. À entrada de Auschwitz há um quiosque onde podemos comprar alguns petiscos, mas as filas são enormes e pode não ser fácil. Nós levámos umas sandocas para o almoço, que comemos no autocarro durante a viagem entre Auschwitz e Birkenau (não existiu propriamente nenhuma pausa para o almoço!), e foi o melhor que fizemos

É permitido tirar fotos, com exceção de algumas salas. Há placas que têm essa informação e o guia também nos avisa disso

É proibido comer ou ingerir álcool, fumar cigarros (incluindo cigarros electrónicos), acender velas ou entrar com animais (excepto cães-guia)

A visita demora cerca de 3/4 horas. Com deslocações: cerca de 7h

Site oficial: https://visit.auschwitz.org/

Auschwitz
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Quando decidimos viajar estamos à espera de viver bons momentos e guardar memórias inesquecíveis e esquecemo-nos que, tal como no nosso dia a dia, há coisas que podem correr menos bem. Na maioria das vezes, inconscientemente, achamos que as coisas más só acontecem aos outros. Por muito aventureiros que sejamos, esse não é o pensamento correto.

Acidentes e doenças podem acontecer a qualquer viajante, independentemente da experiência. Se o problema for grave, o custo do tratamento no exterior pode ser bem caro! A maioria dos países não atende gratuitamente estrangeiros na sua rede de saúde. Será necessário pagar consultas médicas, medicamentos e, em casos mais graves, transporte de ambulância e internamento. Não vale a pena o risco! Para além de tornar a nossa viagem num pesadelo os valores a pagar não vão ser nada simpáticos. Existem inúmeras razões para fazer um seguro antes de viajar. Perdi o passaporte, o que faço?! Fui roubado, o que faço?! O meu voo foi cancelado, o que faço?! A minha mala perdeu-se, o que faço?! Entre outras milhares de situações que podem acontecer. Resumindo, se vale a pena fazer um seguro de viagem?! Sim, vai-te fazer poupar dinheiro e não terás “dores de cabeça” desnecessárias caso algum imprevisto surja durante a viagem

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